Que diálogos a literatura, per se e em relações intertextuais com outras artes, estabelece com a Europa pós-1945? De que modos a escrita interroga a identidade e as fronteiras de um continente plural, ao mesmo tempo muito antigo e em constante reinvenção de si, nomeadamente nos últimos 70 anos? Que desejos, interrogações, protestos continuam a descrever e obrigam a redescrever, obra a obra, a história e a confluência de civilizações, a inclusão e a exclusão de povos? De que modo, enfim, a criação artística reinventa a própria Europa, propondo novos modelos de partilha de uma experiência?
A base de conhecimento A Europa face à Europa procura responder a estas questões mediante uma investigação progressiva e colaborativa, selecionando e sistematizando olhares de diversos criadores contemporâneos sobre o continente, analisando a especificidade do tratamento da Europa em diversas obras, permitindo uma leitura global e comparatista das representações de uma História comum.
Diretamente implicada na investigação do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa em torno dos conceitos de fronteira e de políticas de inclusão, esta base de conhecimento dialoga com as suas diversas mas complementares linhas de pesquisa: em particular, com as Inter/transculturalidades – ao equacionar o encontro de perspetivas sobre a Europa, em várias línguas e a partir de diferentes espaços europeus –, e as Intermedialidades – ao convocar também, explícita ou implicitamente, algumas representações pictóricas ou fílmicas da Europa.
Esta base é, por natureza, um trabalho in progress, observando o modo como novas obras refletem sobre a Europa hoje; e também um trabalho coletivo, integrador da colaboração de diferentes gerações de investigadores, nacionais e estrangeiros, especialistas em prosa ficcional ou poesia, em cinema ou noutras artes visuais – numa experimentação discursiva de conhecimento, disseminado e incorporado no universo digital, procurando assim potenciar o diálogo e o debate sobre uma matéria de irredutível pluralidade.