(1938 – ) Apostada numa escrita ativa, que indaga e leva a indagar sobre o que nos move, Maria (de Fátima Bívar) Velho da Costa vai elaborando uma tessitura textual onde a sua paixão pelo mundo da escrita se articula com uma escrita do mundo. A autora reparte-se pela escrita ficcional, cronística e dramática, com algumas incursões pela poesia, de que as obras Corpo Verde e Da Rosa Fixa são os exemplos mais expressivos. É espraiado por esta diversificada tipologia textual que o mundo se vai escrevendo, em registo mais ou menos disruptivo, e que... Ler mais
(1970- ) Maxim Leo é um escritor, jornalista e argumentista alemão, nascido em Berlim Leste em 1970, na ex-República Democrática Alemã (RDA). É autor de vários ensaios escritos em alemão, de que destacamos Haltet euer Herz bereit: eine ostdeutsche Familiengeschichte, que venceu em 2011 o Prémio do Livro Europeu, um galardão instituído pelo Parlamento Europeu no intuito de fomentar a adesão ao espírito e projeto europeus. Esta obra foi magistralmente traduzida para francês por Olivier Mannoni com o título Histoire d’un Allemand de l’Est (2010) [História de um leste-alemão]. Note-se que Maxim Leo – jornalista... Ler mais
(1953-) Em “Autobiografia Imperfeita” Miguel Real explica que o seu nome literário “nasceu no dia em que Luís Martins se zangou consigo mesmo, dando conta disso mesmo em Carta de Sócrates a Alcíbiades, seu vergonhoso amante, seu primeiro livro” publicado em 1987 e identificado autoralmente com aquele pseudónimo. Este título parece de algum modo denunciar a dupla vinculação do autor ao pensamento filosófico e à escrita ficcional, ambos os domínios por si abundantemente cultivados, a que se deve acrescentar uma intensa revisitação ensaística sobre temas fundamentais e personalidades históricas da cultura portuguesa. A sua incursão... Ler mais
(1907-1995) Nascido em S. Martinho de Anta e devedor da seiva vital do terreno xistoso do Douro, Miguel Torga acrescentou-se desde cedo das outras paisagens portuguesas, por onde passeava e onde ia aferindo a natureza da pátria e das suas gentes, deliciando-se com a harmonia na diferença, que ilustrou na metáfora do granito: “O granito é mica, quartzo e feldspato, – mas é granito. Basta que cada um dos ingredientes seja puro para que a fraga resultante tenha a beleza, a dureza e a nobreza que sabemos” (2000a:54). Apesar de afetivamente muito ligado ao Brasil,... Ler mais
(1952- ) Orhan Pamuk, um conhecido romancista turco nascido em Istambul, cresceu numa família rica, impregnada de valores ocidentais. Em 2006, recebeu o Prémio Nobel da Literatura. Os seus livros foram traduzidos para sessenta e três línguas, publicados em mais de cem países e venderam-se mais de treze milhões de cópias. No outono de 2009, deu uma série de palestras em Harvard, intituladas “O Romancista Sentimental e Inocente”. Em 2014, recebeu o prémio Helena Vaz da Silva em Portugal. Em 2006, quando foi entrevistado por Aida Edemerian para o The Guardian, falou sobre a relação... Ler mais
(1937 – ) Escritor, dramaturgo, guionista e tradutor grego nascido em Istambul (Turquia), de um pai arménio e de uma mãe grega, Petros Markaris destaca-se pelo cosmopolitismo europeu marcado e reivindicado. Poliglota, traduziu Goethe e é um especialista reconhecido da obra de Brecht. De resto, notabilizou-se na produção do guião do filme A Eternidade e um Dia do seu compatriota cineasta Theo Angelopoulos, filme esse premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1998. Mas é sobretudo enquanto autor de romances policiais que se deu a conhecer e foi traduzido no estrangeiro,... Ler mais
(1954 – ) O escritor austríaco Robert Menasse (Viena, 1954 – ) tem vindo a distinguir-se no discurso sobre a Europa pela sua argumentação polémica a favor de uma Europa das regiões, livre dos nacionalismos que o autor considera a consequência incontornável dos estados-nação e das democracias nacionais. Os seus romances e ensaios críticos – a cuja escrita se dedicou por inteiro após abandonar uma possível carreira académica iniciada como leitor e professor de teoria da literatura na Universidade de S. Paulo (1981 – 1988) – foram desde cedo alvo de uma receção controversa. Destacado... Ler mais
(1977- ) Sofi Oksanen é uma escritora e dramaturga finlandesa – porventura a mais galardoada na Finlândia dos últimos anos –, filha de pai finlandês e de mãe estoniana imigrada na Finlândia nos anos setenta, quando a Estónia ainda era uma república socialista soviética. Bissexual assumida, escritora polémica e conflituosa, nomeadamente na sua relação com os editores, Sofi Oksanen sofreu na sua juventude de distúrbios alimentares, facto esse que inspirou a escrita do romance As vacas de Estaline (2003), em que é também abordado o tema recorrente da condição da emigração das mulheres estonianas para... Ler mais
(1916-1996) Vergílio António Ferreira nasceu em Melo, aldeia do concelho de Gouveia. A Europa comparece com frequência na sua ficção, ensaio e diário, sobretudo a partir do momento em que se torna na figura de proa do existencialismo em Portugal. As páginas finais de Mudança (1949) testemunham o novo cenário europeu saído da Segunda Guerra Mundial, o qual motiva a rutura da personagem central deste livro em relação ao seu passado de simpatizante do nazismo, com o consequente desvio rumo a um pensamento heterodoxo, vincadamente existencial. Como salienta Luís Mourão (vd. 2003: 61), no explicit... Ler mais