AURÉLIEN BELLANGER

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AURÉLIEN BELLANGER

(1980- )

Aurélien Bellanger is a writer, essayist, radio chronicler – even if sporadically – French actor born in Laval, France. Having a philosophical training, he published a laudatory essay about the poetry of the controversial French novelist Michel Houellebecq, significantly titled Houellebecq écrivain romantique [Houellebecq romantic writer] (2010).

He soon pursued a literary career, precisely in the stylistic and thematic wake of Houellebecq, making his début with a first novel about five hundred pages long, La Théorie de l’information [The Theory of Information] (2012), in relation to which Bellanger stated he had tried to write a Balzacian novel about the contemporary era. The critique received this work in a mitigated way. For some, the novel – inspired in the biography of some successful French entrepreneurs – seemed to be a good attempt at a houellebecquian Romanesque, but for others, it represented a disappointment and a failure.

Bellanger published two more novels, L’Aménagement du territoire [The Territorial Planning] (2014, Zorba Prize of that year) and Le Grand Paris [The Grand Paris]* (2017). In 2018, Aurélien Bellanger wrote a short text, titled Eurodance, for a show on the so-called “Calais Jungle”, that chaotic and improvised field next to the Eurotunnel’s entrance, for refugees and migrants striving to cross the English Channel on the way to the United Kingdom.

In fact, the title refers to the techno “Eurodance”, a musical genre that appeared in the optimistic, even euphoric, context of European integration in the 1990’s represented, namely, by the Belgian-Dutch group 2 Unlimited and, more specifically, by the song “No limits”, whose lyrics Bellanger quotes and comments. The 1990’s in Europe are characterised by the post-fall of the Berlin Wall, by the reunification of Germany, the emergence of the yuppies’ generation, by some economic growth, by the Gulf War (mostly technological and psychedelic), but also by the effects, still devastating, of the AIDS pandemic.

However, it is during this decade that the community of Europe makes the institutional and infrastructural progress that we know today and that the Eurodance remarks, not without a touch of irony and always in an elegiac tone.

Actually, the great European projects and construction sites (Eurotunnel, the particles accelerator tunnel at CERN, the trans-European transports network, etc.), but also the first inter-university mobility, Erasmus, break with a certain perception and experience of the   old continent, anchored in the realities of war (either real or cold), of the impenetrable borders, of the fear of the other, of the polluting industries, etc. Hereinafter, the European citadel arises – one that Eurodance lyrically describes – fundamentally logistical, security-driven, irenic, aseptic and humanitarian. A true “non-place” (Marc Augé) symbolised by the relentless flourishing of motorways and their “artworks”.

In this rather optimistic and expansionist context, however, previously unknown problems that knock at the door of a rich, aging and white continent have emerged.  In effect, migratory flows coming from a supposedly stable world, pile up facing the United Kingdom, ironically in Calais – that starting point of one of the greatest European modern technological achievements –, and in an anarchical way, founded a “jungle” at the heart of developed Europe.

 

Brief Anthology

Doravante, a Europa será californiana.
A guerra que ameaçara destruí-la durante meio século tinha milagrosamente passado por ela; a aurora boreal permanecera no domínio maravilhado da meteorologia, e não se condensara num cometa letal.
A Europa é a cratera de impacto de um apocalipse em falta.
Da guerra fria, das suas vidas suspensas a duas superpotências, os europeus hão de reter que elas foram uma paz possível no meio do caos.
Uma panorâmica alegre da paz vindoura, um enclave de bem-estar material bem-vindo após os estafantes trabalhos da alma que levaram a Europa, em meio milénio, a tomar posse do mundo; e de seguida, a autodestruir-se sem razão verdadeira – tanto por fanatismo como por inadvertência.
A Europa, desconectada do mundo e saída da história, fora deixada em paz.
Fora autorizada a brincar, a brincar à reconstrução das suas cidades e à construção europeia.
A brincar à Europa, a brincar a si própria,
a brincar como se brinca na infância sem pensar que se há de crescer um dia e que já não se há de brincar mais

in Eurodance (2018: 24-25).

Tudo é perfeito, agora, tudo está finalmente acabado, silencioso e puro como uma autoestrada.
Os nomes azulados das cidades, os sinais de trânsito, os postos SOS.
Entendemos essa linguagem, as palavras simples que as coisas utilizam para comunicarem connosco durante a noite logística.
Sabemos que alguém escreveu essas palavras, uma primeira vez, mas já não é, agora, uma língua totalmente humana.
Essas palavras pertencem aos painéis que as suportam, às entidades que as repetem, aos pórticos que as erigem, por cima de nós, num céu sobressalente.
A noite logística é uma noite vencida.
As coisas alcançaram o desenvolvimento pleno, as coisas evoluem longe das nossas mãos humanas.
Os camiões que as acarretam, na extensa autoestrada azul, na noite do túnel, brilham como auroras boreais.
A Inglaterra já não é uma ilha, e o próprio globo está devolvido ao nada.
Um nada frio e benfazejo, um nada necessário

in Eurodance (2018: 44-45).

A mundialização já não podia ser tratada só como um grande projeto, mas também como um problema por resolver – um problema de infiltração.
A estanqueidade do túnel tornara-se problemática.
Foi preciso rever os protocolos de segurança, repensar os tratados de cooperação aduaneira.
A modernidade viu-se toda ela lotada de dispositivos imprevistos que haviam de atrasar incessantemente o seu advento inexorável.
O portão temporal do túnel pôs-se a funcionar menos bem

in Eurodance (2018: 50).

 

Selected active bibliography

BELLANGER, Aurélien (2018), Eurodance, Paris, Gallimard.

 

Selected critical bibliography

PHILIPPE, Élisabeth (2012), “Aurélien Bellanger, le nouveau Houellebecq?”, Les Inrockuptibles.

DUPUIS, Jérôme (2012), “Aurélien Bellanger, ennuyeux comme un annuaire électronique”, L’Express.

AUBRON, Hervé (2018), “En apesanteur”, Le Nouveau Magazine Littéraire, nº 5, 43.

José Domingues de Almeida (trans. Rui Miguel Ribeiro)

 

How to quote this entry:
ALMEIDA, José Domingues de (2018), “Aurélien Bellanger”, trans. Rui Miguel Ribeiro, in Europe Facing Europe: poets write Europe. ISBN 978-989-99999-1-6. https://aeuropafaceaeuropa.ilcml.com/en/term/aurelien-bellanger-2/